agronegócio

VÍDEO: Agudo cultiva 495 toneladas da fruta por ano

José Mauro Batista


Foto: Renan Mattos (Diário)

Conhecida como Terra do Moranguinho na Região Central, Agudo faz jus a esse codinome. O município da Quarta Colônia figura no ranking dos maiores produtores de morango do Rio Grande do Sul, embora sua produção seja bem menor que a dos primeiros colocados. Conforme a Emater/RS-Ascar, no último levantamento sobre a cultura, em 2017, Agudo tem 100 produtores que cultivam uma área total de 11 hectares e colhem 495 toneladas anuais da fruta. Em 2010, conforme dados da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), a cidade já aparecia na 10ª posição no cultivo do produto.


Para famílias de Agudo que apostam em morangueiros, a atividade tem dado bons resultados, principalmente nas propriedades que adotaram novos sistemas de produção, o plantio em estufas, que substituiu, em parte, o plantio no chão. O sistema em estufas, distribuídas em mesas dentro de túneis cobertos, permite melhor manejo, como colher em pé, por exemplo.

É o caso de Elcio Steyding, 26 anos, que começou plantar morangos em 2011 e hoje tem 15 estufas que produzem 30 mil plantas em uma área de meio hectare, próximo ao pórtico de entrada da cidade. Na propriedade, onde também produz hortaliças, Elcio aplica o conhecimento adquirido no Colégio Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e em cursos específicos para melhorar seus produtos.

Hoje, a propriedade produz morango o ano inteiro e abastece estabelecimentos comerciais, como restaurantes e padarias, e cooperativas. Por meio de uma rede de revendedores, o produto chega ao consumidor na sua forma original ou como ingredientes de bolos, tortas, cucas, sucos e doces em geral. O morango também abastece presídios.

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- No cultivo em solo se perde muito, por isso passei a plantar em estufas. Hoje, 40% dos produtores de Agudo utilizam estufas - diz Elcio, que além de produtor, é proprietário de uma empresa que vende sementes e presta consultoria a produtores.

A colheita de morango rende, em média, de 800 gramas a 1 kg por planta. O preço do produto, em Agudo, varia de R$ 12 a R$ 25 o quilo. Após o plantio, os moranguinhos são colhidos em um período de 75 a 90 dias, dependendo das condições de clima, entre outros fatores.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Atualmente, o consultor tem uma carteira de 300 produtores para os quais presta assessoria, em Agudo, região e municípios de Santa Catarina e Paraná. Além da assistência na propriedade, ele organiza cursos durante o ano para tratar do cultivo de morango. A propriedade é tocada por ele, pelos pais e por um funcionário.

- Comecei a plantar morango com 18 anos e usava o dinheiro para pagar minhas despesas na UFSM - conta Élcio, que, antes de virar empreendedor, plantava milho e arroz com a família.

Com sua experiência na área, o produtor garante que morango é um bom investimento. Com R$ 12 mil é possível iniciar um negócio, que pode garantir um lucro de 300% sobre o capital investido.

A produção de morango de Agudo é vendida nas propriedades ou em estabelecimentos comerciais e institucionais. Dois eventos anuais, realizados na cidade, ajudam a escoar parte da produção local. Um deles é a Volkfest in Agudo, que acontecerá de 24 a 28 deste mês, com uma série de atrações, incluindo a venda de morango in natura e produtos derivados da fruta, como as famosas tortas e cucas, geleias e bebidas. O outro é a Festa do Moranguinho e da Cuca, que ocorre em outubro.

A produção de Elcio

  • Área plantada - 3 mil metros quadrados
  • Produção atual - 30 mil plantas, o que dá, em média, 25 toneladas de morango por ano


Foto: Renan Mattos (Diário)

VENDA DIRETA AO CONSUMIDOR
Desde que começou a cultivar morangos em sua propriedade, na localidade de Rincão do Mosquito, às margens da RSC- 286, em 2006, Marcia Dumke, 38 anos, não têm do reclamar.

- Não dá para enriquecer, mas dá para pagar as contas - diz a agricultura.

Ela tem oito estufas e, nos últimos anos, investiu R$ 60 mil só com a instalação de uma cisterna (espécie de caixa para armazenamento de água) e de um sistema de irrigação. Ao longo do tempo, no entanto, houve outros investimentos.

O sistema de plantio em estufa foi implantado em 2012. Marcia chegou a ter morangueiros com 20 mil pés, mas, atualmente, esse número foi reduzido para 11 mil, sem prejuízo para a produção de morangos.

- Eu tinha 5 mil pés em algumas estufas e, hoje, tenho 1,5 mil - conta a agricultora, que inicia a colheita cerca de 90 dias após o plantio.

Marcia vende o morango in natura na própria propriedade, que fica à beira de uma rodovia com bastante trânsito. Alguns clientes, conta ela, já viraram fregueses assíduos.

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A venda direta ao consumidor compensa, segundo a produtora, porque ela não precisa de logística. Os morangos dão o ano todo e são vendidos por preços que variam de R$ 20 a R$ 25 a bandeja com um quilo. A propriedade é administrada por Márcia, que conta com a ajuda do marido, Ilson Roni Dumke, para algumas tarefas. Como ele trabalha fora, não pode ajudar em todo o serviço.

Mãe de uma jovem de 18 anos e de um menino de 14, Marcia diz que os filhos não pretendem dar sequência ao negócio iniciado há 13 anos. Mas, pelo menos por enquanto, ela não pensa em aposentadoria.

Também moradora de Rincão do Mosquito, Diane Kirsch, 37 anos, toca sozinha uma propriedade com 17 mil pés de morango. Desse total, 13 mil são plantados em oito estufas, enquanto o restante é no solo. A produção de morangueiros começou em 2006 e, em 2015, Diane começou a instalar estufas para facilitar o trabalho e aumentar a produção.

A produção é vendida no local e para revendedores que repassam os morangos para estabelecimentos comerciais. Diane diz que a propriedade chegou no limite de investimentos, pelo menos, por enquanto.

- Eu nem deveria ter plantado mais pés. Faço tudo sozinha - diz a produtora.

Trabalho, no entanto, não é o problema. As primeiras estufas foram instaladas com o auxílio de ajudantes. Já as outras foram instaladas por Diane sem a ajuda de ninguém.

- Da primeira vez, fui e mais cinco homens. Depois, eu mesma instalei as estufas sozinhas - conta Diane, aos risos.

Com dedicação e muita correria, Diane mantém uma boa cliente para os morangos produzidos em sua propriedade.

DO SOLO PARA A ESTUFA

  • Em torno de 40% dos produtores de Agudo já utilizam estufas
  • O plantio em estufas facilita o manejo e melhora o produto
  • Cai área plantada no RS, mas produção aumenta

Entre 2013 e 2017, anos em que a Emater/RS-Ascar, divulgou dados de levantamentos agrícolas, houve uma pequena queda na plantação e no número de produtores de morangos no Rio Grande do Sul, embora a produção da fruta tenha aumentado. Em 2013, o Estado tinha 540 hectares cultivados com morangueiro, resultando em uma produção de 18,4 mil toneladas.

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Nesse levantamento, a Emater informou que o Estado tinha 1.255 produtores envolvidos nessa atividade. No último estudo, feito em 2017, a área plantada de morango caiu para 506 hectares, assim como o número de produtores registrado foi de 1.946, mas a produção atingiu 23.730 toneladas. Apesar dessas mudanças no Estado, Agudo se mantém, há anos, entre os 20 maiores produtores gaúchos.

Conforme um estudo sobre a competitividade da cadeia do morango no Estado, publicado em julho de 2010 pela Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), a força produtiva dos morangueiros está concentrada em três regiões. A liderança é do Vale do Caí, onde estão os municípios de Feliz, Bom Princípio e São Sebastião do Caí. Na Serra, o destaque fica com Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Ipê. Depois, vem a região Sul, com Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul e Canguçu.

Fora dessas regiões, há plantações em Santa Cruz do Sul, Candelária e Cerro Branco. Na Região Central, além de Agudo, Santa Maria e Paraíso do Sul têm alguma produção da fruta, segundo o produtor e consultor Elcio Steyding.


Foto: Renan Mattos (Diário)

EMATER DEFENDE INCENTIVO
A principal explicação para a redução da área de plantio de morango no Rio Grande do Sul é a implantação das estufas nas propriedades, uma tendência também em Agudo.

- A transição da plantação em solo para o cultivo com substrato em ambiente protegido, que é a estufa, é uma das justificativas. Esse sistema reduz a área, mas também aumenta a produtividade - afirma Luiz Eugênio Jacobs, engenheiro agrônomo da Emater em Agudo.

Jacobs explica que o cultivo em substrato é uma técnica que vem conquistando, cada vez mais, os produtores de morango. Entre as vantagens, está o fato de o produtor poder trabalhar em pé. Nesses sistema, também conhecido como semi-hidroponia, a planta não está em contato com o solo. Por meio de canos e tubulações, a água chega até a planta, que retém os nutrientes fornecidos. É utilizado um composto orgânico de casca de arroz.

O agrônomo defende a implantação de um programa municipal em apoio ao morango em Agudo. Com uma política pública, garante Jacobs, os produtores sairiam da informalidade e o município passaria a arrecadar mais tributos. A proposta está em fase de estudo.

-Hoje, o morango é vendido na propriedade, na beira da rodovia, de manteira informal. Por meio de um programa com incentivos municipais, é possível reverter esse quadro - defende.

Como o morango vem substituindo o fumo em algumas propriedades, Jacobs acredita que este seja o momento para Agudo aumentar sua produção e avançar no ranking estadual.

MAPA DO MORANGO
A produção no Estado

  • Área total - 506 hectares
  • Produção anual - 23,7 mil toneladas
  • Produtores - 1,9 mil

A produção em Agudo

  • Área total - 11 hectares
  • Produção anual - 495 toneladas
  • Produtores - 110

10 maiores produtores

  • Caxias do Sul
  • Ipê
  • Feliz
  • Vacaria
  • Flores da Cunha
  • Farroupilha
  • Bom Princípio
  • Pelotas
  • Antônio Prado
  • Agudo

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